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Não gosto de truculências e abomino a violência. Sou homem maios afeito aos gestos que induzam à fraternidade, à ideia de concórdia, de entendimento, de construção da paz. Em síntese, considero-me um humanista, que, a despeito de ser essencialmente emocional, aprendeu com a vida a necessidade de permear as emoções com justa dose de racionalidade.
Por isso, mesmo atento às coisas do espírito, curvo-me às evidências da ciência, sem desprezar a possibilidade de que espiritualidade e ciência se complementem, se completem, não sendo, portanto, coisas que se excluam ou que se afastem. Deveriam andar juntas como paralelas, que acabarão por se encontrar no Infinito.
Para exemplificar o que penso com tema atual: entre rezas e cloroquina, de um lado, e a vacina, do outro, sem hesitação, fico com a segunda, não descartando as orações.
Diante do negacionismo cego e obtuso dos modernos terraplanistas, cerro fileiras ao lado das comprovações científicas que mostram o planeta azul e redondo girando em tono do próprio eixo e o homem pisando a rocha selenita. Entre o criacionismo fundamentalista e o evolucionismo darwiniano fico com a teoria da evolução das espécies, mesmo acreditando possível alguma pincelada de criação divina lá na origem de tudo.
De qualquer sorte, a História nos mostra, com inúmeros fatos, que a confusão entre Estado e Religião sempre se revela desastrosa para a sociedade.
E porque abomino a violência e o negacionismo truculento, torci muito pela vitória de Joe Biden nas eleições dos poderosos irmãos do Norte, que têm, como Estado e como povo, um bocado de graves defeitos (imperialismo, soberba, intervencionismo, prepotência, etc,), mas, internamente, respeitam sua constituição e não têm o hábito de resolver a questão da alternância no exercício do poder com golpes de estado. Apesar das eventuais circunstâncias adversas da candidatura Biden, era difícil acreditar que um truculento como Donald Trump pudesse se manter no poder depois de tantos deslizes políticos e trapalhadas cometidas no exercício da presidência norte-americana.
A esperança é que esse sopro contrário à truculência se espalhe pelo continente na direção do Sul, pois todos merecemos viver em conformidade com os princípios civilizatórios que a história da caminhada humana sobre a terra nos trouxe como legado irrenunciável.
Ninguém merece ser governando por toscos e ignorantes, nem mesmo os toscos e ignorantes, sob pena de que, entre estes, se eternize a ignorância atentatória aos valores do humanismo e da possibilidade de que todos vivamos em consonância com a mínima dignidade resultante da nossa evolução como espécie e da nossa condição de cidadãos, reconhecida pelos estatutos legais de abrangência geral, desde a Revolução Francesa em 1789. Vida curta aos truculentos e negacionistas!